quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Carta de Salvador

Isonomia Já!


Nós, bancários pós-98 dos bancos públicos federais, reunidos na cidade de Salvador no dia 22 de agosto de 2009, por ocasião do II Encontro Interestadual pela Isonomia, promovido pela Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, viemos através deste documento nos dirigir ao conjunto da categoria e às entidades sindicais e associativas.

É sabido por todos que na década de 90 os bancos federais encontravam-se na iminência de sua privatização por conta das políticas neoliberais implementadas pelo governo FHC. Na época, com o intuito de reduzir o “custo com pessoal”, o Departamento das Estatais editou as Resoluções 10/95 e 9/96 que retiraram direitos para os novos bancários, achatando ainda mais nosso poder aquisitivo, que já fora vítima das corrosões inflacionárias do período com a política de arrocho salarial.

De lá para cá, os pós-98 já se consolidaram como maioria dos empregados dessas empresas, totalizando cerca de 100.000 pessoas. Entendendo que o fortalecimento dessas instituições passa necessariamente por uma revalorização dos seus trabalhadores, com o intuito de criar uma carreira permanente, em que não percamos conhecimento e capacidade de bons funcionários para concursos mais atrativos e até para empresas privadas, propomos a criação de um Movimento Nacional pela Isonomia.

O Movimento Nacional pela Isonomia é supra-sindical e supra-partidário. Sem discriminações em relação a posicionamentos ideológicos, nosso movimento pretende incorporar as mais diversas correntes de pensamento em torno de uma causa maior. Qualquer entidade ou associação é bem vinda na incorporação das bandeiras que visam a retomada de direitos dos pós-98. Não pretendemos nos posicionar nas eleições internas dos sindicatos e associações, e desejamos ver a bandeira do Movimento Nacional pela Isonomia presente nas plataformas de todas as chapas e Centrais Sindicais.

Entendendo a importância dessas entidades e da luta coletiva, tencionamos estimular a adesão dos novos nos sindicatos e associações, como forma de compromisso em lutar pela causa, que é uma causa de todo bancário. Corrigir distorções não é bom apenas para os novos – é também para os que ingressaram antes de 98, porque reforça a luta por ampliação de direitos, e extingue o constrangimento de trabalhar ao lado de colegas que possuem menos direitos, causando a percepção de que os mais antigos são funcionários “caros”, e os mais novos “genéricos”.

Não faz parte das nossas reivindicações a eliminação do Tempo de Serviço como elemento diferenciador da remuneração. Entendemos que tal evolução é legítima, desde que percebida através dos Planos de Cargos e Salários – não com perda de direitos.

Além do da luta direta, nosso movimento buscará influenciar a aprovação do Projeto de Lei 6259/2005 do Deputado Federal Daniel Almeida (PCdoB/BA) e do Senador Inácio Arruda (PCdoB/CE), pressionando os parlamentares para que agilizem sua votação.

Concebemos os bancos públicos como importantes ferramentas indutoras do desenvolvimento nacional, estando a serviço do povo brasileiro, devendo praticar as menores tarifas, as menores taxas de juros, reduzir os spreads, e funcionando, desta forma, como reguladores de mercado.

Nos últimos anos alcançamos conquistas pontuais em relação à isonomia. No entanto, com a força de mobilização do segmento pós-98 demonstrado nas últimas greves, avaliamos que é chegada a hora de dar um ponto final a esta injustiça. A direção dos bancos públicos, ao negar sistematicamente a nossa pauta, desafia a participação dos pós-98 nos movimentos da categoria.

Confiando na responsabilidade histórica e em nossa tarefa de manter erguida a luta dos bancários, nos colocamos à disposição para fazer a transição nos espaços dos trabalhadores. Sem revanchismos. Não queremos substituir os mais antigos, mas nos somar àqueles que acreditam na possibilidade de mudança em nosso país.

Na certeza de que esta Carta vai ecoar por cada uma das agências e locais de trabalho deste Brasil, contamos com sua participação neste movimento para resgatarmos a dignidade de ser “bancário”, derrotando o atraso em busca de nossos sonhos.

“...mas quero que esse canto torto,

feito faca, corte a carne de vocês...” (Belchior)

Salvador, 22 de agosto de 2009

Movimento Nacional Pela Isonomia nos Bancos Públicos

2 comentários:

Unknown disse...

Opa!
Não sou mais bancário, mas como um continuo acompanhando as causas dos colegas da Caixa, manifesto meu apoio à luta pela isonomia.
Só faço uma ressalva: os números das resoluções estão invertidos: é 10/95 e 9/96.
Abraços, e vamos à luta!

Empregados pela Isonomia disse...

Devidamente trocado. Valeu pela dica, Adriano!

Abraço!